sexta-feira, 26 de abril de 2024

Com lacunas e irregularidades no licenciamento, número de portos no Tapajós (PA) cresce 115% em 10 anos


Dos 27 portos em operação no Tapajós ao menos metade cometeu alguma irregularidade no processo de licenciamento ambiental. Falta de transparência ambiental e violações de direitos de povos tradicionais também foram identificados.

As margens do Rio Tapajós, no oeste do Pará, estão tomadas por empreendimentos portuários projetados para o transporte de grãos do Centro-oeste do país. O crescimento acelerado das instalações portuárias na região do Tapajós – principalmente após a criação da Lei de Portos (nº 12.815), em 2013 – conta com uma série de lacunas e irregularidades nos processos de licenciamento ambiental, como a não realização de estudos de impacto ambiental, falta de consulta prévia, entre outros, que contribuíram com as violações de direitos de povos e comunidades tradicionais. É o que revela o estudo Portos e Licenciamento Ambiental no Tapajós: irregularidades e violação de direitos lançado nesta terça-feira (23) organização Terra de Direitos. O dossiê integra uma plataforma online sobre o tema. 

O estudo analisa as instalações portuárias nos municípios de Santarém, Itaituba e Rurópolis, que são cidades-chave na cadeia logística do agronegócio e funcionam como ponto final de escoamento da produção graneleira exportada para o mercado internacional. Foram considerados na pesquisa apenas portos de cargas (grãos, fertilizantes e outros insumos do setor), não incluindo portos para o turismo ou transporte de pessoas.   

O estudo identificou um total de 41 portos nos três munícipios até outubro de 2023 (período de coleta de dados). Desses, 27 estão em operação no momento e apenas 05 possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental.  

A análise das licenças ambientais presente no estudo partiu das informações buscadas pelo site da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) e por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A busca apresentou baixo retorno e resultados, o que dá indícios que as licenças não existam. A falta de disponibilização, transparência e divulgação dos documentos necessários para a concessão das licenças é uma das importantes violações de direitos apontadas no estudo. 

Dados do estudo da Terra de Direitos mostram que até 2013 (sem a Lei de Portos) a região do Tapajós possuía 19 portos previstos, em construção ou em operação nos munícipios paraenses de Itaituba, Santarém e Rurópolis. Dez anos depois da Lei, ou seja, ao final de 2023, esse número mais que duplicou, chegando a 41 portos – um aumento de 115%.  

Com 14 portos em operação, 5 previstos e 3 em construção, Itaituba concentra mais de 50% do total de 41 portos analisados.   

O município vem sendo considerado central no processo de migração de instalações portuárias das regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste como parte de uma estratégia global de traders de commodities (grandes empresas de investimento) agrícolas na diminuição de custos, devido à localização do município ser mais próxima de mercados internacionais e pelas boas condições de navegabilidade do Rio Tapajós.    

Irregularidades no Licenciamento Ambiental 

O licenciamento ambiental é um instrumento institucional que determina a realização de estudos prévios para a instalação de atividades ou obras com potencial de causar degradação ao meio ambiente. O início do licenciamento ambiental é uma etapa essencial e, no caso dos 41 portos mapeados, obrigatório para a instalação dos empreendimentos.  

Segundo estudo de Terra de Direitos, dos 27 portos em operação na região foi encontrada a documentação completa (O Estudo de Impacto Ambiental - EIA e o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação) de apenas 5 empreendimentos. 

Outros 4 portos possuem as 3 licenças – prévia, de instalação e de operação – completas, mas sem apresentar os estudos de impacto ambiental.  

Os EIA e RIMA são o primeiro passo do processo de licenciamento e são considerados pré-requisitos indispensáveis à concessão de Licença Prévia para instalação de um porto. A realização dos estudos ambientais é essencial para mensurar os impactos da construção e operação dos portos para o meio ambiente e para as comunidades do entorno do empreendimento.  

Dos 27 portos em operação, 16 possuem Licença de Operação sem apresentar Licença Prévia ou Licença de Instalação. 

Foi constatado que todos os processos de licenciamento analisados no estudo até outubro de 2023 apresentaram irregularidades que contrariam algum dispositivo da legislação do Pará. A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) é o órgão responsável por realizar e conceder as licenças.  

"Há duas dificuldades no licenciamento ambiental hoje no Brasil e que são potencializadas na Amazônia e, consequentemente, no território do Tapajós. A primeira é a falsa interpretação de que o licenciamento, com todas as etapas que lhe são inerentes, é opcional. A legislação vigente deixa nítido que o processo é obrigatório e deve iniciar anteriormente à instalação de quaisquer atividades potencialmente poluidoras – no caso do estudo da Terra de Direitos, todos os empreendimentos analisados. Com um órgão licenciador de pouca ou nenhuma fiscalização e transparência do processo de licenciamento, as empresas têm caminhado pelo licenciamento corretivo, que deveria ser exceção, mas tem se tornado regra. Este é o caminho mais curto e barato para as empresas, e que produz as maiores violações de direitos humanos e danos socioambientais irreparáveis. A segunda é a compreensão atrasada de que o licenciamento serve para proteger um meio ambiente sem gente. Hoje, há uma interpretação sistêmica dos direitos sociais, culturais e ambientais no texto constitucional, que exige que o processo de licenciamento seja entendido como garantidor de direitos socioambientais, ou seja, de direitos que são também das pessoas, que muitas vezes se organizam coletivamente em povos, e da natureza", destaca a assessora jurídica da Terra de Direitos, Bruna Balbi. 

A análise dos processos de licenciamento ambiental das instalações portuárias na região revela uma grande lacuna de licenças e estudos na maior parte dos empreendimentos encontrados, ou seja, a instalação desses portos acontece em meio a uma série de irregularidades, indícios de falta de fiscalização e omissão dos órgãos ambientais.  

Do descumprimento da legislação federal e estadual sobre licenciamento ambiental e portos até tratados internacionais – como é o caso da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (que versa sobre o direito à consulta prévia de povos e comunidades tradicionais) e da Convenção da Diversidade Biológica (que estabelece o princípio da precaução para proteção ambiental) – , o estudo evidencia que a violação de direitos têm sido a base dos processos de licenciamento ambiental dos portos instalados no Tapajós.  

A partir da análise das licenças ambientais dos portos do Tapajós, o estudo identifica que houve um avanço desenfreado de obras de infraestrutura e logística, que contou com o atropelamento de regras para dar celeridade às obras de instalação portuária e as operações dos portos.  

Algumas recomendações ao Estado e instituições são propostas pelo estudo da Terra de Direitos, como a garantia da consulta prévia, livre e informada a grupos étnicos da região do Tapajós, medidas de reparação dos danos negativos dos portos instalados e a fiscalização efetiva do licenciamento ambiental.  

Povos Impactados 

O estudo de Terra de Direitos pontua que os danos e as transformações provocadas pela instalação dos portos no Tapajós não podem ser vistos de forma isolada. Ao avaliar os impactos é preciso considerar todo o complexo logístico e os danos acumulados dos empreendimentos ao meio ambiente e, também, aos modos de vida de povos tradicionais.   

São indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, agricultores familiares, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais que convivem com o resultado negativo e os impactos da acelerada instalação e intensa operação de empreendimentos portuários com irregularidades no licenciamento ambiental.  

Maria Ivete Bastos, trabalhadora rural e presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR) conhece bem esse cenário. Ela conta que com os portos vieram também incentivos ao monocultivo de grãos que expandiram os latifúndios na região. 

 "Os impactos negativos que os portos trouxeram já fazem um tempo... Primeiro, como exemplo da Cargill em Santarém, é que a chegada dos portos proporcionou também o apoio, financiamento e todo o fortalecimento da logística para que os sojicultores viessem de outras regiões, tendo em vista que Santarém não era um polo de produção de soja", conta.  

Esse estímulo ao monocultivo na região, apontado pela trabalhadora rural, reforça a perspectiva trazida no estudo de Terra de Direitos de que os portos não chegam sozinhos ao território. Toda uma cadeia logística e de infraestrutura é criada para garantir o apoio e desenvolvimento do agronegócio graneleiro, o que transforma as dinâmicas sociais, econômicas e culturais, além de impactar fortemente o modo de vida de povos e comunidades tradicionais. 

"O primeiro impacto foi a expulsão dos trabalhadores da terra porque a maioria não tinha documento de sua terra, eram apenas posseiros. Segundo, foi extinguindo também algumas comunidades, alguns igarapés foram poluídos, as pessoas foram ficando sem acesso por conta das cercas de arame farpado ou porque eles iam comprando de um, de outro ou expulsando porque as pessoas não se mantêm se não tiver as políticas públicas e a legalização das terras, então elas acabaram ficando vulneráveis e muitos saíram para a cidade", conta. 

Nenhum dos 41 portos identificados no estudo realizou o processo de consulta prévia livre e informada garantida aos povos e comunidades tradicionais determinado pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, revela o estudo.  

O tratado internacional ratificado pelo Brasil em 2004 determina que esses grupos sejam previamente ouvidos no caso de obras, empreendimentos ou medidas administrativas que possam afetar seus territórios ou modo de vida.  

Cargill – o primeiro porto
A Cargill foi o primeiro porto instalado no Tapajós com o objetivo de escoar a produção do agronegócio, em 2003. A empresa começou a operar em Santarém sem apresentar os Estudos de Impacto Ambiental, que só foram produzidos em 2008 após intensa mobilização e denúncias a justiça feitas por movimentos sociais e povos tradicionais.  

Os impactos da Cargill em Santarém são denunciados constantemente há anos pelos povos e comunidades tradicionais, movimentos e organizações sociais. As denúncias tratam das irregularidades cometidas no processo de licenciamento ambiental e das violações de direitos, como a falta de consulta prévia, livre e informada, a destruição da praia urbana de Vera Paz (antes localizada na orla da cidade onde hoje está o porto) e sobre as responsabilidades da empresa quanto a contribuição para a crise do clima no planeta, como pontua Maria Ivete.    

"Essas tantas carretas que estão jogando combustíveis fosseis também contribuem para o aquecimento que hoje nós estamos passando a maior estiagem da história com a seca que matou nossa plantação, secou os rios e impossibilitou a nossa sustentabilidade durante esse período e ainda não acabou. A gente tá vivendo esse drama da crise climática e esses portos cada vez mais avançam e outros estão sendo instalados na região. Então os impactos são muito danosos na nossa vida porque não é simplesmente ter um porto, é o que vai ser passado por ali, o que vai estimular e o que pode acontecer com os seres humanos que resolvem permanecer no território". 

O estudo e investigação dos impactos causados pelos dois portos da Cargill (Santarém e Itaituba) no Tapajós podem ser encontrados no site "Sem Licença Para Cargill" elaborado pela Terra de Direitos.   

Portal Portos no Tapajós 

O estudo Portos e Licenciamento Ambiental no Tapajós: irregularidades e violação de direitos integra a plataforma online Portos no Tapajós que reúne informações do licenciamento ambiental de 41 portos (públicos e privados) que estão previstos, em construção ou em operação nas cidades de Santarém, Itaituba e Rurópolis, localizadas no oeste do Pará. Os dados foram coletados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Secretaria de Meio Ambiental e Sustentabilidade do Pará (Semas) e diários oficiais.  

O site contém também dados anuais e cumulativos sobre desmatamento e queimadas que são conectados com as informações dos portos na região possibilitando observar como, no decorrer dos anos com a chegada dos portos, a paisagem territorial da região foi sendo modificada.  

Além dos portos estão identificados no mapa do site as unidades de conservação (UCs), terras indígenas, territórios quilombolas e comunidades tradicionais do Tapajós nos municípios de Santarém, Itaituba e Rurópolis.  

Com a ferramenta de filtros disponíveis é possível observar como estes dados se relacionam e se conectam no cenário da região. O portal permite realizar inúmeras combinações para a realização de análises específicas.  

 

Fonte: Assessoria de comunicação Terra de Direitos 

Estudo revela: número de portos no Tapajós (PA) dobra em 10 anos, com série de lacunas no licenciamento ambiental


Estudo revela: número de portos no Tapajós (PA) dobra em 10 anos, com série de lacunas no licenciamento ambiental 


A região do Tapajós, localizada na Amazônia paraense, teve sua dinâmica alterada com a explosão de portos na região. O estudo Portos e Licenciamento Ambiental no Tapajós: irregularidades e violação de direitos, da Terra de Direitos, revela que, desde 2013, o número de empreendimentos portuários previstos nas cidades de Santarém, Itaituba e Rurópolis, no Pará, dobrou – chegando a um crescimento de 105% em 10 anos.

  

São aos menos 41 Estações de Transbordo de Cargas (ETC) ou Terminais de Uso Privado (TUP) previstas, em construção ou em operação nos três municípios. E o estudo alerta: esses empreendimentos podem estar sendo instalados em meio a uma série de irregularidades no licenciamento ambiental. 

 

Dos 27 portos em operação na região, em apenas cinco foram encontrados Estudos de Impacto Ambiental.  

 

A falta de estudos ou de licenças necessárias no processo de licenciamento ambiental aponta para a possibilidade para irregularidades no licenciamento ou para a falta de transparência dos órgãos ambientais em relação aos documentos que deveriam ser públicos. 

Acesse o estudo e entenda por que as lacunas no licenciamento ambiental desses empreendimentos é tão grave.

 

Baixe o estudo

 

O estudo está disponibilizado no portal Portos no Tapajós, onde também é possível encontrar informações como: 

 

  • Mapa da região do Tapajós 
  • Todos os portos previstos, em construção ou em operação no Tapajós 
  • Comunidades atingidas pela atuação dos portos e que possuem protocolo de consulta 
  • Dados relativos a desmatamento e queimadas até o ano de 2021  
  • Territórios indígenas, quilombolas e Unidades de Conservação na Amazônia 

 

Acesse o portal Portos no Tapajós


Organizações da América Latina denunciam Bayer à OCDE por sistemática violação dos direitos humanos


Empresa implementa modelo agrícola que causa insegurança alimentar, escassez de água, desmatamento extremo, entre outros impactos. 

 

Aachen, Berlim, 25 de abril de 2024 

Às vésperas da assembleia de acionistas da empresa agroquímica alemã Bayer, uma coalizão de seis organizações sociais da Argentina, Brasil, Paraguai, Bolívia e Alemanha apresentaram, nesta quinta-feira (25), uma denúncia perante a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) contra a empresa.  

Na denúncia as organizações responsabilizam a Bayer por sistemáticas violações dos direitos humanos à saúde, à alimentação, à água, ao meio ambiente, à habitação, à terra e/ou ao território e aos direitos dos povos indígenas e das comunidades camponesas devido ao uso de sementes geneticamente modificadas e agroquímicos à base de glifosato. A ação foi elaborada com base em extensas pesquisas e numerosas entrevistas com comunidades afetadas. 

Na denúncia as organizações destaquem que a Bayer tem violado as diretrizes da OCDE para empresas multinacionais. A empresa promove na América do Sul, de acordo com a denúncia, um modelo agrícola que causa insegurança alimentar, escassez de água, desmatamento extremo, perda de biodiversidade, graves consequências para a saúde e conflitos por terras com comunidades indígenas e camponesas. 

A denúncia perante a OCDE documenta quatro casos específicos que mostram os impactos negativos desse modelo agrícola em áreas onde a Bayer AG comercializa amplamente os seus produtos. Como parte da denúncia, o Centro de Estudios Legales y Sociales (Argentina), Terra de Direitos (Brasil), BASE-IS (Paraguai), Fundación TIERRA (Bolívia), Misereor e ECCHR exigem que a Bayer AG faça mudanças sustentáveis em suas práticas empresariais a fim de respeitar os direitos das comunidades locais e do meio ambiente.  

""Essa denúncia tem um diferencial que é o caráter regional. Estamos apontando que não se trata de questões isoladas, ao contrário: decorrem do modelo do agronegócio na região, em que empresas estrangeiras lucram com o elevado uso de agrotóxicos, a despeito dos prejuízos causados à saúde e o meio ambiente. Há, ao mesmo tempo, uma dupla moral, em que estas empresas, como Bayer, falam publicamente que respeitam padrões de direitos humanos e respeito ao meio ambiente, mas na prática isso não ocorre.  Assim, exigimos que mudem suas práticas e, também, apontamos a necessidade de avançar em normativas para responsabilizar empresas transnacionais por suas violações, sobretudo ao longo de toda cadeia produtiva. Isto é necessário sobretudo ao considerarmos o altíssimo uso de agrotóxicos pelos países da América Latina pelo agronegócio", destaca a assessora jurídica da Terra de Direitos, Daisy Ribeiro.

"A empresa não respondeu adequadamente aos graves riscos aos direitos humanos e ao meio ambiente diretamente relacionados ao seu modelo de negócios na região. Os impactos do uso de sementes geneticamente modificadas e pesticidas não foram monitorados, nem foram tomadas medidas adequadas para preveni-los e mitigá-los", afirma Sarah Schneider, especialista em agricultura e nutrição mundial da Misereor. Em média, mais de 50% das terras aráveis nestes países são destinadas à soja geneticamente modificada. A Bayer afirma ser líder latino-americana na comercialização de soja resistente ao glifosato e dos pesticidas à base dessa substância. 

"Na denúncia mostramos que, devido ao avanço do cultivo da soja, em nossa região as pessoas sofrem intoxicações e doenças graves; há fontes locais de água tão contaminadas que não podem mais ser consumidas; as comunidades indígenas e camponesas são desapropriadas de seus territórios, afetando seus modos de vida e alimentação; desaparecem milhares de hectares de floresta, ameaçando animais e plantas locais", destaca o diretor da BASE-IS, Abel Areco. 

Como plataforma de visibilidade internacional que pode ajudar a alcançar a responsabilização de empresas transnacionais, a OCDE, nas suas Diretrizes, estabelece recomendações sobre como as empresas multinacionais devem agir em questões como direitos humanos e meio ambiente 

"As Diretrizes da OCDE são claras ao estabelecer deveres de devida diligência para a cadeia de valor a jusante, especialmente nos casos em que pode ser prevista a utilização indevida de um produto. Embora a lei alemã da cadeia de abastecimento na sua versão atual não inclua esta parte da cadeia de valor, a Bayer deve cumprir as Diretrizes da OCDE. Pedimos que para a soja transgênica e os pesticidas à base de glifosato, a Bayer desenvolva políticas de devida diligência baseadas no risco e que considerem o contexto da América Latina para contribuir para uma solução de longo prazo", afirma Silvia Rojas Castro, Assessora Jurídica do ECCHR. 

Após o protocolo nesta quinta-feira, a OCDE dispõe agora de três meses para decidir sobre a admissibilidade da denúncia e assim apoiar a mediação entre as partes afetadas e a empresa. As organizações esperam que a Bayer responda à denúncia e participe ativamente na resolução dos problemas. 

Poluição do povo indígena Avá-Guarani 
No Brasil, a Bayer lidera o mercado de sementes geneticamente modificadas e pesticidas. Num cenário em que 95% da soja cultivada no Brasil é geneticamente modificada, as sementes Intacta foram utilizadas em 80% das plantações. Juntas, a Bayer-Monsanto representa 9 das 18 variedades de sementes geneticamente modificadas autorizadas para cultivo comercial, segundo Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio (2022). De 2010 a 2021, o uso de agrotóxicos no Brasil dobrou. São vendidos pelo menos 50 pesticidas proibidos na União Europeia. O glifosato é o ingrediente ativo mais vendido. Só em 2022, foram comercializadas 230.519 toneladas de Glifosato no país e 31.270 toneladas no Paraná. 

O Paraná é o segundo estado produtor de soja do Brasil. Nos municípios de Guaíra e Terra Roxa o uso de agrotóxicos é predominante: 509 dos 661 estabelecimentos agropecuários de Guaíra e 921 dos 1.209 estabelecimentos agropecuários de Terra Roxa relataram uso de agrotóxicos. Nestes dois municípios, onde predominam o plantio de soja e milho, estão localizadas três aldeias indígenas, aldeias Avá-Guaraní. A relação entre indígenas e agricultores é tensa. 

O uso intensivo de agrotóxicos contaminou rios, alimentos, animais e povos indígenas. Os pesticidas são até usados como arma química para confinar os povos indígenas a uma faixa de terra cada vez menor. Dependentes de rios e nascentes para acesso à água, as aldeias relatam doenças frequentes como vômitos, dores de cabeça, abortos espontâneos, dificuldade para respirar, entre outras, principalmente entre idosos e crianças. Relatam também o desaparecimento de espécies silvestres de pássaros, abelhas, borboletas, animais de caça e diminuição do número de peixes nos rios e perda da capacidade de produção de alimentos devido às águas e rios contaminados, gerando impactos na soberania alimentar dessas pessoas. Existem áreas fumigadas com agrotóxicos próximas às casas ou estradas indígenas. Em testes laboratoriais, foi verificada a presença do Glifosato e de seu principal metabólito, o ácido aminometilfosfônico (AMPA), em mananciais das aldeias (Y'Hovy, Pohã Renda e Ocoy). 

"Os povos indígenas tem sido um dos povos tradicionais que mais sofrem com a contaminação sistemática da terra, alimentos, animais, pessoas e território pelo uso intenso dos agrotóxicos. Para estes povos ancestrais há ainda, de modo mais agravante, o uso de agrotóxicos pelo agronegócio como arma química  para expulsão de indígenas de seus territórios", enfatiza Daisy.

Saiba mais sobre o modelo de negócios de soja da Bayer aqui. 
*documento em alemão. 

A denúncia perante a OCDE pode ser consultada aqui. 

  
Fonte: Assessoria de comunicação - Terra de Direitos


sábado, 20 de abril de 2024

EXTREMA DIREITA: Professor é alvo de busca e apreensão por apologia ao Nazismo no Paraná

🚨 PROFESSOR SOBRE BUSCA E APREENSÃO POR APOLOGIA AO NAZISMO

📢 A operação da Polícia Civil do Paraná foi desencadeada após informações da Agência Brasileira de Inteligência, Abin, que monitora extremistas no estado

O suspeito, que lecionava em dois colégios estaduais na região metropolitana de Curitiba, disseminava online antissemitismo e negação ao holocausto

Afastado das funções, ele está proibido de usar redes sociais pela Justiça

Vale lembrar que a apologia do nazismo se enquadra na Lei 7.716/1989, ou seja, é CRIME

Senado quer aprovar aumento salarial para segmento de servidores privilegiados



"O Senado Federal está a um passo de aprovar emenda constitucional que garante, a um punhado de carreiras privilegiadas do Estado brasileiro, aumentos automáticos de 5% a cada cinco anos de exercício da profissão.
São os chamados "quinqüênios" (mantenho o trema como protesto solitário contra sua desastrosa extinção, no malfadado "acordo" que só bagunçou o português escrito no Brasil), que favorecerão juízes, promotores, defensores públicos, advogados públicos e delegados da Polícia Federal.
Como contam os anos já passados, os mais antigos e os aposentados receberão imediatamente até 35% a mais.
Enquanto isso, o grosso do funcionalismo, que sofre com perdas salariais acumuladas da ordem dos 20%, precisa fazer greve para ver se consegue negociar com o governo.
É discutível se o mecanismo dos quinqüênios é razoável – se devemos mesmo conceder aumentos só por tempo de serviço, sem qualquer avaliação de desempenho.
É discutível também se a nova regra não duplica benefícios, já que o tempo de serviço é de alguma maneira incorporado nas progressões funcionais existentes.
Só uma coisa é certa, indubitável, indiscutível: não tem sentido gerar regras que beneficiam ainda mais os setores já privilegiados do funcionalismo público.
O que é necessário é o contrário – é buscar maneiras de reduzir as desigualdades injustificáveis entre as carreiras.
O que explica que um professor universitário, com doutorado e com dedicação exclusiva, entre ganhando 69,9% menos que um consultor do Senado só com a graduação?
Na verdade, tem outra coisa que também é certa, indubitável, indiscutível: é absurdo que a farra dos quinqüênios para juízes, promotores e delegados da PF tome a forma de uma emenda constitucional.
Independentemente do mérito, é obviamente um tema para legislação infraconstitucional.
É o Congresso tentando aproveitar uma maioria circunstancial para engessar os governos futuros.
Sim, bolsonaristas e Centrão gostam de bater de frente contra o Supremo. Mas não deixam de garantir a simpatia do aparelho repressivo – quem sabe quando ela será necessária? - satisfazendo seus interesses corporativos.
Rodrigo Pacheco lidera a boiada. O senador mineiro é daqueles a quem não se pode acusar de jamais ter dado uma contribuição a qualquer debate relevante para o país.
Mas é um esperto – e essa é hoje a qualidade mais importante para alguém se dar bem na política brasileira. Um aceno ao punitivismo penal mais primitivo num dia, um prêmio para o corporativismo dos juízes no outro, e assim ele vai de vento em popa.
Leio no jornal que o governo entrou em campo para convencer Pacheco a sustar a PEC. Pode ser que dê certo, pode ser que não. Só tenho certeza de uma coisa: vai custar caro." (LFM, 19/04/2024)

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Mundo joga fora mais de 1 bilhão de refeições por dia, aponta Índice de Desperdício de Alimentos da ONU


Domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar, de acordo com o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024. 

Publicado nesta quarta-feira (27) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o relatório alerta que o desperdício de alimentos continua a prejudicar a economia global e a fomentar a mudança climática, a perda da natureza e a poluição.


Em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), totalizando 132 quilos per capita e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para os consumidores

Legenda: Em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), totalizando 132 quilos per capita e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para os consumidores.
Foto: © Tom Fisk/Pexels.

 

Em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), totalizando 132 quilos per capita e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para os consumidores. Do total de alimentos desperdiçados em 2022, 60% aconteceram no âmbito doméstico, com os serviços de alimentação responsáveis por 28% e o varejo por 12%.

O desperdício de alimentos continua a prejudicar a economia global e a fomentar a tripla crise planetária que combina a mudança climática, a perda da biodiversidade e da natureza e a poluição dos ecossistemas. Estas são as principais conclusões de um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) publicado hoje, antes do Dia Internacional do Resíduo Zero, assinalado no dia 30 de março. 

Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 do PNUMA (Food Waste Index Report), de autoria da WRAP, apresenta a estimativa global mais precisa sobre o desperdício de alimentos no varejo e no nível do consumidor. O relatório traz também orientações aos países sobre o aprimoramento da coleta de dados e sugere as melhores práticas para passar da mensuração à redução do desperdício alimentar. 

Domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar, destaca o relatório global. 

"O desperdício de alimentos é uma tragédia global. Milhões de pessoas passarão fome hoje, enquanto alimentos são desperdiçados em todo o mundo", disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA. 

"Além de ser uma questão importante de desenvolvimento, os impactos desse desperdício desnecessário estão causando custos substanciais para o clima e a natureza. A boa notícia é que sabemos que, se os países priorizarem essa questão, eles poderão reverter significativamente a perda e o desperdício de alimentos, reduzir os impactos climáticos e as perdas econômicas e acelerar o progresso das metas globais." 


– Domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar.

Legenda: Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos da ONU: Domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia em 2022, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar.
Foto: © Susannah Townsend/baseimage.

Desde 2021, houve um fortalecimento da infraestrutura de dados com um número maior de estudos rastreando o desperdício de alimentos. Globalmente, o número de dados em nível domiciliar quase dobrou. No entanto, muitos países de baixa e média renda continuam a carecer de sistemas adequados para acompanhar os avanços no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 de reduzir pela metade o desperdício de alimentos até 2030, particularmente no varejo e serviços de alimentação. 

Apenas quatro países do G20 (Austrália, Japão, Reino Unido, EUA) e a União Europeia têm estimativas de desperdício alimentar adequadas para acompanhar os progressos até 2030. Canadá e Arábia Saudita têm estimativas adequadas no nível de domicílios, enquanto no Brasil estão em andamento atividades para desenvolver uma linha de base robusta até o final de 2024. Neste contexto, o relatório serve como um guia prático para os países medirem e comunicarem consistentemente o desperdício alimentar.

Os dados confirmam que o desperdício de alimentos não é apenas um problema de "país rico", com os níveis de desperdício de alimentos domésticos diferindo nos níveis médios observados para países de renda alta, média-alta e média-baixa em apenas 7 kg per capita. 

Ao mesmo tempo, os países mais quentes parecem gerar mais desperdício de alimentos per capita nos domicílios, potencialmente devido ao maior consumo de alimentos frescos com partes substanciais não comestíveis e à falta de cadeias de refrigeração robustas. 

De acordo com levantamentos recentes, a perda e o desperdício de alimentos geraram de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) – quase 5 vezes mais do que o setor de aviação – e uma perda significativa de biodiversidade ao ocupar o equivalente a quase um terço das terras agrícolas do mundo. O custo da perda e do desperdício de alimentos na economia global é estimado em cerca de US$ 1 trilhão. 

A expectativa é que os esforços para fortalecer a redução do desperdício de alimentos e a circularidade beneficiem especialmente as áreas urbanas. As áreas rurais geralmente têm menor desperdício, com maior direcionamento de restos de alimentos para animais de estimação, animais de criação e compostagem doméstica como explicações mais prováveis. 

Em 2022, apenas 21 países incluíram a perda e/ou redução do desperdício de alimentos em seus planos climáticos nacionais (NDCs). O processo de revisão das NDCs de 2025 oferece uma oportunidade fundamental para aumentar a ambição climática, integrando a perda e o desperdício de alimentos. 

O relatório sublinha igualmente a urgência de abordar o desperdício alimentar, tanto a nível individual como sistémico. Linhas de base robustas e medições regulares são necessárias para que os países mostrem mudanças ao longo do tempo. Graças à implementação de políticas e parcerias, países como Japão e Reino Unido mostram que a mudança em escala é possível, com reduções de 31% e 18%, respectivamente. 


Graças à implementação de políticas e parcerias, países como Japão e Reino Unido mostram que a mudança em escala é possível, com reduções de 31% e 18%, respectivamente.

Legenda: Graças à implementação de políticas e parcerias, países como Japão e Reino Unido mostram que a mudança em escala é possível, com reduções de 31% e 18%, respectivamente.
Foto: © AnSyvanych/Getty Images.

"Com o enorme custo para o meio ambiente, a sociedade e as economias globais causado pelo desperdício de alimentos, precisamos de uma ação coordenada maior em todos os continentes e cadeias de suprimentos. Apoiamos o PNUMA ao pedir que mais países do G20 meçam o desperdício de alimentos e trabalhem em direção ao ODS 12.3", disse Harriet Lamb, CEO da WRAP. 

"Isso é fundamental para garantir que os alimentos alimentem as pessoas, não os aterros sanitários. As Parcerias Público-Privadas são uma ferramenta fundamental para a obtenção de resultados hoje, mas requerem apoio: sejam filantrópicas, empresariais ou governamentais, os atores devem se unir em torno de programas que abordem o enorme impacto que o desperdício de alimentos tem na segurança alimentar, em nosso clima e em nossas carteiras."

O PNUMA continua acompanhando o progresso em nível nacional para reduzir pela metade o desperdício de alimentos até 2030, com um foco crescente em soluções além da medição para a redução. Uma dessas soluções é a ação sistêmica por meio de parcerias públicoprivadas (PPPs): trazer o setor público, o setor privado e o não governo para trabalhar juntos, identificar gargalos, desenvolver soluções e impulsionar o progresso. 

O financiamento adequado pode permitir que as PPP proporcionem reduções do desperdício alimentar da produção agrícola à mesa, reduzam as emissões de gases com efeito de estufa e o estresse hídrico, partilhando simultaneamente as melhores práticas e incentivando a inovação para uma mudança holística a longo prazo. As PPP sobre perda e desperdício de alimentos estão crescendo em todo o mundo, incluindo na Austrália, Indonésia, México, África do Sul e no Reino Unido, onde ajudaram a reduzir mais de um quarto do desperdício domiciliar de alimentos per capita em 2007-18.

Para saber mais, acesse o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 do PNUMA (em inglês) e visite a página da campanha da ONU Brasil para o Dia Internacional do Resíduo Zero 2024 (em português). 

NOTAS AOS EDITORES 

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 

O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras. 

Acesse a página do PNUMA no Brasil: https://www.unep.org/pt-br 

Sobre a WRAP 

A WRAP é uma ONG global com sede no Reino Unido. É uma das 5 principais instituições de caridade ambiental do Reino Unido e trabalha com governos, empresas e indivíduos para garantir que os recursos naturais do mundo sejam usados de forma sustentável. Fundada em 2000 no Reino Unido, a WRAP agora trabalha em todo o mundo e é parceira da Aliança Global do Earthshot Prize da Royal Foundation.


Sistema das Nações Unidas no Brasil
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Novo projeto financiado pelo FIDA promoverá a transição agroflorestal em áreas de cultivo de cacau na Bahia


O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas e a Organização para a Conservação da Terra lançaram nesta terça-feira (9) um novo projeto de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para cadeias produtivas livres de desmatamento no Brasil.

Representando um investimento conjunto do FIDA e da República Federal da Alemanha de US$ 4,9 milhões, o projeto será implementado no bioma da Mata Atlântica, um dos mais ameaçados pelo desmatamento no mundo. 

O projeto prevê a participação de 1.600 famílias, das quais 50% serão pequenos agricultores envolvidos em agricultura familiar de baixa produtividade, 20% serão quilombolas e 30% serão assentados da reforma agrária. 

Do total de beneficiários, 50% serão mulheres e 15% serão jovens.
Legenda: Mulheres corresponderão a 50% das pessoas beneficiárias do projeto "CompensAÇÃO: Promoção de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para cadeias produtivas livres de desmatamento no Brasil".
Foto: © Organização para a Conservação da Terra (OCT)

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas e a Organização para a Conservação da Terra (OCT) - uma renomada organização não governamental brasileira que atua no sul do estado da Bahia - lançaram nesta terça-feira (9) o novo projeto "CompensAÇÃO: Promoção de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para cadeias produtivas livres de desmatamento no Brasil".

O projeto CompensAÇÃO representa um investimento conjunto do FIDA e da República Federal da Alemanha de US$ 4,9 milhões e será implementado no bioma da Mata Atlântica, um dos mais ameaçados pelo desmatamento no mundo. Cerca de 88% da cobertura florestal original da Mata Atlântica foi perdida e 24% das espécies nativas de plantas e animais estão em risco. Os níveis de pobreza também permanecem altos. Em 2021, um número preocupante de 46,5% da população baiana vivia na pobreza e 15,8% na pobreza extrema, marcando os índices mais altos em nove anos.

O principal objetivo da CompensAÇÃO é estabelecer condições favoráveis para promover uma transição agroflorestal nas áreas produtoras de cacau. Esse processo visa aumentar a resiliência climática e os benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, mitigar a degradação florestal e o desmatamento na Região Cacaueira do Sul da Bahia. O pagamento aos produtores pelos serviços ecossistêmicos consistirá em materiais de reflorestamento e compensação em dinheiro.

Esse projeto faz parte de uma linha de trabalho maior, financiada pelo governo alemão por meio do Programa de Adaptação para Agricultura de Pequenos Produtores (ASAP+) do FIDA, que é implementado no Lesoto, na Etiópia e no Brasil.

"A República Federal da Alemanha e o FIDA compartilham o objetivo de promover a segurança alimentar e a resiliência de pessoas socialmente vulneráveis em áreas rurais. Acreditamos que os produtores rurais de todo o mundo, especialmente os pequenos agricultores dos países em desenvolvimento, devem ser adequadamente remunerados por todos os serviços que prestam. Entre outras iniciativas, são necessários programas de incentivo. A Alemanha tem o prazer de poder apoiar um deles", disse a embaixadora da Alemanha no Brasil, Bettina Cadenbach. 

Além disso, o projeto buscará melhorar as condições de vida das famílias rurais, reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência à mudança climática. Espera-se a participação de 1.600 famílias, das quais 50% serão pequenos agricultores envolvidos em agricultura familiar de baixa produtividade. Além disso, pelo menos 20% serão quilombolas (comunidades tradicionais afrodescendentes) e 30% serão assentados da reforma agrária. Do total de pessoas beneficiárias, 50% serão mulheres e 15% serão jovens.

O principal objetivo da CompensAÇÃO é estabelecer condições favoráveis para promover uma transição agroflorestal nas áreas produtoras de cacau. Esse processo visa aumentar a resiliência climática e os benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, mitigar a degradação florestal e o desmatamento na Região Cacaueira do Sul da Bahia.
Legenda: O principal objetivo da CompensAÇÃO é estabelecer condições favoráveis para promover uma transição agroflorestal nas áreas produtoras de cacau. Esse processo visa aumentar a resiliência climática e os benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, mitigar a degradação florestal e o desmatamento na Região Cacaueira do Sul da Bahia.
Foto: © Organização para a Conservação da Terra (OCT).

O CompensAÇÃO será um projeto pioneiro na promoção do mecanismo inovador de PSA e gerará lições valiosas para a adaptação desse modelo aos diferentes contextos ambientais do portfólio financiado pelo FIDA. Essa iniciativa introduzirá uma abordagem ampla ao PSA, incorporando elementos monetários e não monetários para garantir a preservação da floresta. Isso envolve a integração das melhores práticas de gestão agroflorestal entre as atividades agrícolas e o enriquecimento da diversidade de espécies florestais nas áreas de cultivo de cacau.

O diretor do FIDA no Brasil, Claus Reiner, observou que o CompensAÇÃO abrangerá o desenvolvimento e a implementação de esquemas de PSA, entrelaçando princípios ecológicos que conservam a fertilidade do solo e restauram diversos serviços ecossistêmicos. Além disso, as atividades se estenderão ao apoio às políticas municipais e regionais de PSA, fortalecendo os arranjos institucionais por meio de processos participativos de governança.

O novo projeto impulsionará o desenvolvimento econômico, produtivo e climático sustentável na Bahia por meio de formas de produção diversificadas, aprimoradas e adaptadas no contexto da mudança climática e de sistemas agroalimentares sustentáveis, para contribuir com a melhoria da renda das famílias de agricultores. 

"Os PSA monetários e não monetários representam uma combinação inteligente de renda que contribui para melhorar a segurança alimentar e aprimorar os serviços ecossistêmicos, além de promover a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A geração de renda sustentável fortalece o incentivo para que as famílias mantenham as atividades e preservem os recursos naturais", disse a oficial de programas do FIDA para o Brasil, Cintia Guzman. 

O lançamento do projeto ocorreu na Bahia e foi seguido por uma missão de arranque da Equipe País do FIDA no Brasil, que ocorre de 9 a 11 de abril, durante a qual será conduzido um treinamento introdutório para a equipe responsável por esse novo projeto, bem como para outras partes interessadas e parceiros importantes.

Sobre a atuação do FIDA no Brasil 

Na última década, o FIDA e o governo brasileiro, juntamente com uma ampla rede de parceiros, investiram US$ 453 milhões em seis projetos na região Nordeste do país, apoiando 941.000 pessoas. O novo portfólio de projetos no país, atualmente em preparação, prevê oito novos projetos voltados para 2,1 milhões de pessoas. 

Juntamente com os recursos de contrapartida dos governos e cofinanciadores, os novos investimentos do FIDA no Brasil ultrapassarão US$ 900 milhões - ou aproximadamente 4,4 bilhões de reais - para atingir mais de 600.000 famílias rurais por meio de ações conjuntas com os governos estaduais e federal, em apoio ao desenvolvimento rural sustentável e inclusivo. Com isso, espera-se dobrar o número de famílias rurais atendidas no país.

Para saber mais, siga @ifad_org nas redes sociais e visite a página do FIDA (em espanhol): El Fondo Internacional de Desarrollo Agrícola (FIDA) (ifad.org)

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O que o Lula foi fazer na Colômbia

Lula e o presidente colombiano Gustavo Petro se reúnem em Bogotá nesta quarta-feira (dia 17) num evento para tratar sobre:
 - Crise diplomática entre México e Equador; 
- Processo eleitoral venezuelano; 
- Cooperação no combate ao desmatamento na Amazônia Legal e ;
 - outros temas pertinentes entre as duas nações latino-americanas.

O encontro deve durar cerca de duas horas, com discussões sobre assuntos bilaterais, regionais e multilaterais.

Os dois países estão entre os que  condenaram a invasão da embaixada do México pela polícia do Equador para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas no último dia 5 de abril.


Aprovação da PEC das Drogas


O plenário do Senado aprovou na terça-feira, 16, por 53 votos a 9, a Proposta de Emenda à Constituição que proíbe o porte e a posse de qualquer quantidade de drogas. Com a aprovação nos dois turnos pelo Senado, o texto segue para Câmara dos Deputados. Por se tratar de uma PEC, o texto precisou de no mínimo 49 votos favoráveis em dois turnos. De autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o projeto foi protocolado em setembro de 2023,  durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a descriminalização do porte da maconha. O avanço da matéria é visto como um recado do Senado ao STF. Senadores entendem que o Supremo está avançando em sua prerrogativa ao decidir sobre o tema.

Fonte: Revista Exame

6º Congresso de Nutrição Vegetariana


 

A Sociedade Vegetariana Brasileira, referência nacional na defesa de uma alimentação ética, saudável, sustentável e socialmente justa, estará presente no 6° Congresso de Nutrição Vegetariana e Plant-Based Diet da Plenitude Educação.

Essa parceria promoverá um evento ainda mais completo e cheio de novidades aos participantes.

O Congresso vai rolar no dia 04/05, na Sede da Plenitude Educação, que fica na Rua Peixoto Gomide, 282, Jardim Paulista - São Paulo, SP.

Serão 5 grandes nomes da Nutrição abordando temas de alta relevância que irão te ajudar a se tornar um profissional capacitado, atualizado e com embasamento para entregar um atendimento de qualidade a um número de pacientes específicos que cresce exponencialmente no Brasil e no mundo.

Confira abaixo:

Thaisa Navolar
Tema: Microbiota intestinal e Dieta Plant-Based

Ale Luglio
Tema: Nutrição Regenerativa

Dra. Juliana Gabriel
Tema: Inflamação, DCNT e Dieta Plant-Based

Jessica Rodrigues
Tema: Estratégias de Suplementação para Reduzir a Ansiedade

Marianne Fazzi
Tema: Vegetarianismo, mais do que um nicho dentro da Nutrição

Clique no botão abaixo para entrar no grupo de whastapp e receber todas as informações sobre o 6º Congresso de Nutrição Vegetariana e Plant-Based Diet!

PARTICIPAR DO GRUPO
 Esperamos você. 💚